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sábado, 25 de maio de 2013

Simbolismo e significados da celebração de Corpus Christi


Corpus Christi é a celebração da Eucaristia, um dos sete sacramentos da Igreja Católica e que se expressa por um simbolismo: a presença de  Cristo no pão e no vinho, com seu corpo, sangue e divindade,  no ato da comunhão, momento supremo da missa. A hóstia simboliza o corpo e o vinho simboliza o sangue. É um rito que tem origem  na Santa Ceia quando Jesus, partindo o pão e repartindo o vinho, disse aos apóstolos: “ Este é o meu corpo, isto é o meu sangue, fazei isto em memória de mim”. (Cf Lc. 22, 19-20).

 O dia da celebração é sempre a 5º feira porque foi nesse dia da semana que se realizou a Santa Ceia.  A 5º feira escolhida porem foi a primeira após o domingo da Santíssima Trindade  (Cinquenta dias depois da Páscoa é o domingo do Espírito Santo; o domingo imediato é o da Santíssima Trindade). 

O ofício da cerimônia litúrgica foi composto por São Tomás de Aquino.

Histórico: no final do séc. XIII, na Bélgica, em Liège, desenvolveu-se um movimento eucarístico centralizado na Abadia de Cornillon de onde surgiram vários ritos como a exposição e a benção do Santíssimo Sacramento, o toque do sino na hora da elevação da hóstia na missa e a festa de Corpus Christi. A priora da Abadia, depois santa Juliana de Mont Cornillon,  após um sonho revelador, criou a festa para a comemoração do Corpus Christi, depois oficialmente decretada pelo Papa Urbano IV, em 1264. Como  esse Papa morreu em seguida, a festa só foi estendida para a Igreja mundial em  1317.

Desde o início das solenidades estabelecidas pela Igreja, a exposição pública do Santíssimo Sacramento, isto é, o rito de exibir a hóstia consagrada dentro do ostensório,  representando o corpo vivo de Cristo,   (o Corpus Christi) se realizou por meio de procissões grandiosas tendo à frente altas autoridades eclesiásticas carregando a custódia.  Os cortejos percorriam ruas e praças onde a população se postava em orações e,  como forma de sublimar este momento transcendental, criou-se a tradição de forrar o chão do percurso da procissão com flores, ramos e tapetes e de ornamentar janelas, sacadas e muros com cortinas, toalhas, colchas coloridas.  Esse costume generalizou-se pelos países católicos do mundo.

No Brasil colônia, por influência da Península Ibérica, particularmente de Portugal, as procissões de Corpus Christi eram  a representação máxima da fé cristã e constituíam espetáculos majestosos, com muita música, sendo que  do cortejo participavam:  os religiosos, os fiéis que eram a maioria da população, a nobreza, os militares, as corporações de ofícios,  grupos de teatro representando ao vivo (lutas de mouros e cristãos por exemplo),  assim como dançarinos em performance, todos reafirmando a supremacia do cristianismo.

Esse aparato, no decorrer do tempo, com a evolução e a mudança de hábitos da sociedade,  foi perdendo o sentido e se transformando. Hoje a tradição se mantém sem a espetaculosidade antiga, adaptada aos tempos modernos, mas guardando traços indeléveis da sua origem como a forração das ruas  com tapetes coloridos, agora feitos de serragem, vidro moído, casca de ovo, borra de café, areia, tampinha de garrafa, etc., e a ornamentação das casas, muros e sacadas das ruas escolhidas para o percurso da procissão que conduz simbolicamente o Corpo de Cristo. Os temas dos “quadros” dos tapetes são religiosos relacionados à hóstia, ao cálice, ao Espírito Santo (a pomba), a Jesus, Sagrada Família, etc.

A coleção de imagens expostas abaixo é da festa de Corpus Christi de Santana de Parnaíba, SP.  As ruas da pequena cidade todo ano são cobertas pelos tapetes confeccionados pelos próprios moradores  que contam com a participação de associações da Igreja e  de artistas locais. O levantamento fotográfico faz parte de uma pesquisa de alunos das minhas classes de Folclore e História da Música, da Faculdade de Música Carlos Gomes, em S. Paulo, realizada nos anos de 2006 e 2007.

Fizeram as fotos os alunos Valéria Castellano, Marcos César de Carvalho, Luana Rodrigues da Silveira e eu, a professora Niomar.

 
A arte dos tapetes de rua para a festa de Corpus Christi em Santana de Parnaíba, SP


Confecção dos tapetes pela população
Motivos religiosos dos tapetes

Tapetes de rua


Santana de Parnaíba, SP - enfeites de muros e casas


 casas

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Thiago Arancam, uma carreira de sucesso


Thiago Arancam se destaca na ópera internacional.

Aos 31 anos, o paulista tem eventos agendados até o ano de 2015, acompanhado pelas maiores  orquestras da música ocidental.

Thiago, uma voz excepcional de tenor lírico “spinto”, foi nosso aluno na Faculdade de Música Carlos Gomes, em S. Paulo, onde se graduou em Canto Lírico em 2003, tendo cursado primeiro a  Escola Municipal de Música de S. Paulo. Dentre seus mestres de canto encontra-se o respeitado  tenor paulistano Benito Maresca  (1934-2011).

O início da carreira de Arancam deu-se em 2004 quando recebeu o prêmio Revelação no Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão e ganhou uma bolsa de estudos do Projeto Vitae. Com isso, passou a frequentar a  Academia de Canto Lírico do Teatro alla Scala, de Milão, onde estreiou em concertos líricos em 2005, e diplomou-se em Canto Lírico em 2007.  Iniciou-se na ópera com De Villi, de Puccini. Em 2008 realizou uma tournée pelos Emirados Árabes com a orquestra da Academia do alla Scala. E se apresentou em Brasília com a Camerata Brasil.

Em Bolzano, na Itália, ganhou o prêmio Alto Adige-Talento Emergente della Lirica – 2007/2008.  

O grande impulso em sua carreira foi a participação, em 2008, no conceituado concurso de canto lírico internacional Operalia ,  promovido por Plácido Domingo, quando  ganhou o Prêmio Zarzuela, o Prêmio do Público e o segundo lugar na categoria Prêmio Ópera. Foi escolhido por Plácido Domingo para fazer o papel de Dom José na ópera Carmen, de Bizet, no Washington National Opera (EUA). Em 2009, protagonizou Cavaradossi, da Tosca de Puccini, em Frankfurt; ainda Conde Maurício, da ópera Adriana de Lecouvreur, de Francisco Cilea, em Torino, Itália; e Radamés, na Aida, de Verdi, em Sanxay, França.

Atualmente, tem protagonizado espetáculos em algumas das principais casas de ópera do mundo. No dia 2 de março, estreou na Semperoper, de Dresden, no papel de Des Grieux, em Manon Lescaut, de Puccini, sob a regência do famoso maestro Christian Thielemann;  mês passado interpretou Don José, da ópera Carmen, de Bizet, na Staatsoper, de Munique; com estreia em 16 de abril, repetirá o mesmo papel na Carmen, no Teatro Colón em Buenos Aires e depois na ópera de Los Angeles; em 2014 participará da encenação da ópera Manon Lescaut, de Puccini, em Baden-Baden, sob a regência de Sir Simon Rattle.  

Hoje residindo em Mônaco, Thiago é um cidadão do mundo, que percorre com sua carreira de sucessos.

Ele afirma que “a voz a gente não inventa, ela vem conosco. É como a estatura”  (Folha de S. Paulo, 14 mar. 2013, fl E7)  http://www.thiagoarancam.com/

Há uma excelente entrevista com Thiago Arancam, inclusive cantando algumas árias, no site:

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A lira de Ur


Lira suméria de cerca de 4.500 anos
( Rev, Concerto, junho, 2010)
 
O instrumento musical exposto é a réplica de uma lira de 4.500 anos, descoberta por arqueólogos em 1929, no lugar onde na Antiguidade se situava a cidade de Ur, habitada pelos sumérios, hoje Tell el Mukayyar, entre Bagdá e Basra, no Iraque.
O original da lira, um dos mais antigos instrumentos musicais jamais encontrado, tinha uma decoração preciosa com madrepérola, lápis lazuli, calcário rosa, ouro e prata. Sua construção era um raro exemplo para estudo da possível concepção da música na época: pelo número das cordas , as possibilidades harmônicas e melódicas; pela extensão das longas cordas de tripa, a tessitura dos sons; na dimensão da caixa acústica, o volume sonoro, etc. Além do capricho estético com a beleza física do instrumento.
Este tesouro incalculável para a  história da música estava no Museu Nacional do Iraque quando houve o bombardeio de Bagdá pelos americanos e aliados, em 2003. O Museu foi destruído e ficou a mercê dos saqueadores. Com isso, cerca de 170 mil peças únicas, de milhares de anos, atestados de culturas antiqüíssimas ... se perderam.  E a lira foi encontrada despedaçada e sem os metais preciosos ... no estacionamento do Museu!   É quase inacreditável!
Depois disso, um harpista chamado Andy Lowings, inconformado com a profanação da lira, dedicou anos a reunir artesãos e materiais iguais aos do original, como conchas de madrepérola do Golfo Pérsico, madeira de cedro de Bagdá, etc., e construiu a magnífica réplica da lira dourada de Ur, cuja imagem ilustra este texto.
Acesse também www.lyre.of.ur.com

domingo, 5 de maio de 2013

Sobre a Orquestra Sinfônica Brasileira




Pessoal da Música

Voltando à Orquestra Sinfônica Brasileira, a suspensão da verba de R$ 8 milhões pelo prefeito Eduardo Paes foi cancelada, possivelmente em razão da má repercussão no meio da população, dos músicos, das entidades e representantes da categoria, além do empenho do presidente da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (FOSB), gestora da   Orquestra Sinfônica Brasileira e Orquestra Sinfônica Brasileira Ópera & Repertório. Esse corte retiraria 20% de um orçamento de R$ 40 milhões. Em contrapartida, em reunião do prefeito com o Conselho da Fundação e o Secretário Municipal de Cultura, Eduardo Paes exigiu que o Secretário integrasse o corpo de conselheiros para “aproximar a FOSB e órgãos municipais”.

A OSB é uma das mais importantes orquestras brasileiras, fundada há mais de setenta anos. É um organismo público-privado com recursos do BNDES, da Vale do Rio Doce e da iniciativa privada, recebendo o apoio do Município do Rio de Janeiro.    

Parece ótimo ... mas não é. Continuam os problemas. Não foi descartada a intenção de reunir as duas orquestras: a OSB com  a Orquestra Petrobrás Sinfônica em uma única grande orquestra “como o Rio de Janeiro merece”.Ver detalhes no facebook:  niomar.souza.12. Leia mais sobre esse assunto em



Um absurdo da cabeça de quem não entende de música clássica e, no mínimo, para invadir seara alheia, devia pedir assessoramento a um especialista sério e honesto para não fazer bobagem. A presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do RJ, por exemplo, afirma ser essa pretensão, estapafúrdia e sem sentido. A prefeitura divulgou que alguns músicos tocam nas duas orquestras o que não é verdade uma vez que na OSB o trabalho é em regime de exclusividade.


 

E os problemas continuam. No site  Para Onde Vai a Orquestra Sinfônica Brasileira,


encontramos que o Secretário de Cultura e o presidente do complexo cultural Cidade das Artes divergem sobre ceder espaço neste local para a OSB e  OSB O&R cumprindo a promessa feita pelo prefeito Cesar Maia, em 2002.

A Cidade das Artes, situada na Barra da Tijuca,  é uma edificação moderna e ampla, destinada a abrigar eventos culturais artísticos que levou 10 anos para ser concluída e custou mais de R$ 500 milhões, sendo que no início foi pensada como Cidade da Música.

O Secretário Municipal de Cultura afirma que instalar a OSB e OSB O & R na Cidade das Artes é o caminho “natural”. A OSB é  A orquestra do Rio de Janeiro.

O presidente da Fundação Cidade das Artes insiste que esta “não será a casa   da OSB e nem de ninguém. É inviável”. Uma orquestra com mais de duzentos funcionários ocuparia integralmente o espaço inviabilizando o uso das salas e a apresentação de várias produções simultaneamente.

Já o presidente da Fundação OSB esclarece que seu sonho é estabelecer a sede da orquestra o quanto antes na Cidade das Artes, o que faz sentido para os músicos e para toda a cidade do Rio.

Em meio à indecisão, estão os mais de cem músicos das orquestras da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira.

A Cidade das Artes será inaugurada no próximo dia 16 com os seguintes espetáculos: um balé de Deborah Colker, uma peça de Marco Nanini, um recital com a pianista Tamila Salindjanova e shows de Elza Soares e do DJ Mark Lambert.


A Orquestra Sinfônica Brasileira merece muito mais respeito e reconhecimento pelo papel essencial que representa para a cultura do Rio de Janeiro.