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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Do livro MOSAICOS: Arte, Cultura e Educação

MOSAICOS: Arte, Cultura e Educação é uma coletânea de especialistas nestes temas da qual participei com o estudo Música étnica afriacana: uma linguagem da vida.

Francisca Eleodora S. Severino e Sonia Albano de Lima são organizadoras.
O prefácio é do Professor Dr. Antonio Joaquim Severino

Autores, pela ordem de entrada: Sonia Albano de Lima, Flávio Apro, Niomar de Souza Pereira, Francisca Eleadora S. Severino, Fernanda Verdasca Botton, Ana Gracinda Queluz & Maria Lúcia Vasconcelos, Vitória Kachar, Ana Lucia Nogueira Braz.
Apresentação de Francisca E. Severino e Sonia Albano de Lima:

Arte, cultura e educação compõem os mosaicos que, neste livro, representam a imaterialidade do pensamento humano. Este universo diversificado é consolidado e integrado pela interdisciplinaridade que conecta os segmentos isolados do conhecimento em um todo coerente. Nenhum dos capítulos trata da arte, da cultura e da educação de forma isolada. As áreas estão integradas sem que haja uma hierarquia cognitiva e é o olhar do leitor que determinará seu próprio trajeto.

Os três capítulos iniciais fundamentam-se na música mas a visão dos autores se reporta também à cultura e à educação. Sonia Albano de Lima escreveu A dimensão da linguagem musical com reflexões sobre a relação da música com outras linguagens, em particular a verbal própria para as relações do ensinar e do aprender. A inquietação que conduz sua reflexão é : “que utilidade o ensino acadêmico da música teria para a formação humana considerando-se que ela não expõe teorias sobre o mundo e nem transmite informação como faz uma linguagem verbal?” Reporta que o ensino da música como disciplina é uma possibilidade, não uma certeza de aplicabilidade e o seu emprego em sala de aula pode ser abordado com outra linguagem musical passível de se realizar enquanto arte.

Flávio Apro, autor de Origens e transformações do tema Folias de Espanha através da história, capítulo seguinte, dá ênfase à questão do eterno retorno e das mutações do tema musical Folias de Espanha ao longo da história da música, recorrente em várias tradições e culturas por mais de cinco séculos. De Corbetta (1648) a Kubrick (1975), passando por Bach, Beethoven e Liszt, entre outros, permanece entre nós até nas manifestações do cotidiano por meio do cinema e da publicidade. O estudo contribui com pesquisas musicológicas e oferece subsídios a educadores que lidam com ensino formal e não formal de música.

O terceiro capítulo referente à música é Música étnica africana: uma linguagem da vida, de Niomar de Souza Pereira. Contempla a diversidade cultural de uma extensa tradição musical dos povos africanos cujo aparato, em vozes e instrumentos, não se dissocia do seu peculiar contexto sócio-cultural, eivado de tradições. A Etnomusicologia, estudo da música na cultura (Alan Merrian, 1964), é a linha teórica a que a autora se atém. Ela informa que “ a Etnomusicologia abrange dois campos: o musicológico – das estruturas musicais – e o etnológico – do significado humano da música em seu contexto sócio-cultural”.

A coletânea desenvolve-se com dois textos que discutem os fundamentos da estética contemporânea. Francisca Severino, no capítulo A vocação libertadora da arte, uma aproximação à luz da hermenêutica benjaminiana, ressalta a fecunda colaboração de dois autores de tradição marxista, Walter Benjamin, com os conceitos de Alegoria e Hermenêutica, e Lukács, na abordagem do conceito de Símbolo. Trata da especificidade filosófica do reflexo estético sob sua impregnação existencial, e de que forma a estética se diferencia de outros modos de apreensão do real; e dos diversos modos de comportamento que daí derivam. Embora divergindo em muitos pontos, os dois autores citados convergem no que diz respeito à vocação emancipadora da arte.

Fernanda Verdasca Botton, em Bernardo Santareno e as fronteiras entre Nazismo e a Super-Humanidade pensada por Nietzsche, discute as fronteiras entre os conceitos filosóficos nietzscheanos e uma estética típica de regimes totalitários na obra teatral de Bernardo Santareno, dramaturgo português do período salazarista.Chama a atenção para uma leitura tendenciosa e equivocada da obra de Nietzsche, refletida por Hitler no nazismo, e na ação dos personagens Orfeu Wilson e Eurídice Oliver na peça de Santareno, para justificar a matança de uma criança judia, uma negra e um adolescente homossexual. O capítulo é um alerta a educadores e aqueles que lutam pelas conquistas democráticas em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

Dos três capítulos que completam a coletânea, dois privilegiam as manifestações culturais que se constroem mediante imagens cinematográficas e fotográficas e o terceiro contempla o sentido do amor nas relações humanas.
Em Tempo e conhecimento: narrativa cinematográfica, Ana Gracinda Queluz e Maria Lucia Vasconcelos tratam da imagem do professor no discurso cinematográfico bem como da influência desse discurso na sua formação. As autoras privilegiam três linhas, pela especificidade de conhecimentos que contém: o conhecimento, a narrativa e o tempo. Tais linhas se dispõem de tal maneira que, ao juntar-se, se predispõem a compor um desenho novo, harmônico e articulado.

No capítulo O retrato fotográfico na autobiografia escolar, Vitória Kachar dá continuidade à reflexão sobre o uso da imagem como recurso pedagógico nas relações do ensino e aprendizagem exercitando o emprego de várias linguagens e tecnologias da informação e comunicação no contexto educacional. A fotografia, detentora de significado para uma pessoa e percebida em suas características peculiares, adquire um novo sentido a partir da rememoração.

O tema do amor nas relações cotidianas encerra a coletânea por permear as relações de reciprocidade e cooperação necessárias ao trabalho interdisciplinar de profissionais procedentes de diversas áreas do saber. O significado do amor na cultura e na educação ocidental é o tema desenvolvido por Ana Lucia Nogueira Braz, cujo objetivo é desvelar a real contribuição do amor nas relações sociais e na escola para a superação de múltiplas formas de violência real ou simbólica que permeiam a sociedade. A autora historia os pensadores que legaram contribuições substanciais ao tema e desvela facetas de filósofos como Platão, Rousseau, Kant, dentre outros que fundamentaram a pedagogia de Pestallozi, autor destacado e cuja obra não foi adequadamente desenvolvida à luz das novas conquistas humanas.

Um comentário:

  1. querida niomar
    muito grata pelos seus pertinentes e competentes comentários sobre meu livro, os quais serão de grande valia. eu nao postei nada na internet, ja pensou? sou mesmo descuidada, rss
    quanto a

    “A tradição [...] não é a relíquia de um passado irremediavelmente transcorrido; é uma força viva que anima e condiciona o presente.” Igor Strawinsky.

    coloquei o Não maiúsculo propositalmente, para transcender as regras.. rss e chamar atençao.
    lamento que vc naõ tenha tido essa informação a tempo, ms agora ja tem a fonte. consta na referencia bibliográfica.
    e PARABENS PELO BLOG. vou visitálo sempre, desde ja.brç
    dinara

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