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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mozart


Mozart

“ Enquanto escrevia estas páginas, caíram muitas lágrimas sobre a folha. Mas neste momento, o que está acontecendo? Oh, que alegria! À minha volta vejo voar uma quantidade de pequenos beijos! Ah! Peguei três; serão famosos!”

Estas comoventes palavras escreveu Mozart em outubro de 1790, para Constanze, sua mulher que estava ausente.

Acabo de ler o livro Mozart por trás da máscara, do escritor uruguaio e jornalista Lincoln R. Maiztegui Casas (São Paulo, Planeta, 2006), que escreve para o El Pais, um dos mais importantes jornais da Espanha. Gostei muito, embora faça algumas ressalvas e quero comentá-lo com vocês.
Apaixonado pela música de Mozart, o autor revela que sua motivação foi a “ira e repulsa” que sentiu ao assistir o filme Amadeus, de Milos Forman baseado na obra de Peter Schafer, “...história absurda, inverossímel, mentirosa e ofensiva [...] ao músico mais genial de todos os tempos. [...] Foi a obra mais repelente que vi em minha vida...”. Comenta o desserviço à imagem de Mozart que milhões de espectadores no mundo passaram a associar a uma eterna criança boba, de risada escandalosa... um palhaço.
Sempre percebi esse perigo no filme, ainda mais por ser ele visualmente bonito e chamativo, fácil de enganar os incautos que não conhecem a verdadeira história. Minha reclamação estava há anos travada na garganta. Faço minhas as palavras do escritor e me invade a satisfação pela possível reparação da imagem de Mozart partindo de tão competente a categorizado autor.
O livro baseia-se em cuidadosa pesquisa e traz extensa lista das fontes consultadas, relacionadas na Bibliografia; e ainda notas explicativas. Perpassa a vida de Mozart desde o nascimento, sua inclinação para a música a partir dos três anos, a precocidade na composição, o relacionamento com o pai Leopoldo, as viagens tão bem sucedidas para apresentações nas cortes européias que começaram aos seis anos, a princípio com a irmã.
Dá para “convivermos” com o dia-a-dia do compositor, sentirmos o contexto artístico-cultural e social europeu, na segunda metade do século XVIII. O contato com Beethoven, a amizade com Haydn e o polêmico relacionamento com Salieri, tão deturpado historicamente no filme.
A rebeldia de Mozart, que se cansa de ser um empregado obedecendo ordens do
Arcebispo de Salzburg, Colloredo, e contra a vontade do pai, abandona o emprego e vai tentar a sorte em Viena, é destacada pela ousadia e coragem que nada têm a ver com uma criança “bobo-alegre”. Ele é o primeiro músico na história da Música ocidental que tenta ser independente, vivendo da sua música. Vai passar um sem número de provações mas abre caminho para os que vêem depois. Beethoven inclusive.

Um comentário:

  1. Tá lindo Tia...Parabéns! Mudou a foto, colocou outas bem legais...que bom...vou mostrar pro Adriano também! Vai ter que me ensinar depois...o meu tá estático desde junho...rs
    Até hoje lembro do lançamento do seu livro das Cavalhadas...da pesquisa em Pirenópolis! Beijo

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