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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Episódios engraçados nos palcos da ópera

O teatro está lotado. A platéia muito elegante acompanha séria as notas agudas do soprano, a voz vigorosa do tenor, a harmonia do coro, a precisão absoluta do maestro. De repente, acontece o desastre. O inesperado, involuntário e hilariante. Episódios assim acontecem nos palcos mais importantes do mundo. Uma série deles é relatada por Hugh Vickers e publicada pela revista L´Express.

La Tosca, de Puccini,Ópera de S. Francisco, 1961. Esta ópera termina com um pelotão de soldados fuzilando o personagem Cavarodssi. Tosca, seu amor, desesperada se atira do alto da torre do castelo. Nessa apresentação, devido a imprevisto, o pelotâo de execução foi recrutado entre estudantes locais, muito entusiasmados porém totalmente ignorantes do libreto. Alguns minutos antes do espetáculo, o produtor explicou-lhes que quando o diretor fizesse um sinal deveriam entrar em cena com passo firme e cadenciado e no momento em que o oficial abaixasse o sabre atirassem no personagem. A pergunta dos estudantes, a seguir, era como fazer para sair de cena. A resposta: que saíssem com os protagonistas.(Essa é instrução padrão para figurantes nos Estados Unidos)

No momento certo, o público viu, então, doze soldados fazerem uma entrada ordenada e pararem de repente à vista de um homem e uma mulher (Tosca)- duas pessoas em vez de uma, como esperavam. Apontaram as armas hesitantes para o homem e ele se ergueu esperando resignado a morte porém lançando olhares significativos para a mulher (para que ela se afastasse). Os "soldados" entenderam mal e passaram a visá-la como alvo. Ela fazia gestos desesperados de negação, o que parecia normal já que ia ser fuzilada. E agora...era para executar os dois? Mas porque não estavam perto um do outro? Na dúvida, como a ópera se chamava Tosca, era mais lógico ser ela a vítima. O oficial ergueu o sabre e os estudantes executaram...Tosca. Logo após o que, para grande surpresa, viram Cavaradossi cair ao solo, há mais de dez metros de distância e Tosca, supostamente morta, se dirigir em prantos para ele. Estarrecidos, presenciaram Tosca correr para o muro da torre do castelo, subir e se atirar para a morte.

E então... o que fazer? A ordem era sair com os protagonistas. Só havia uma solução: em uma ação conjunta e decidida, todo o pelotão se atirou também da torre atrás de Tosca.

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